sexta-feira, 13 de abril de 2012

A discussão sobre a abertura dos arquivos da ditadura

Mislele Souza da Silva

Um debate que vem ganhando espaço atualmente é a discussão acerca da abertura dos arquivos da ditadura militar, que sucedeu no Brasil a partir do golpe que ocorreu na passagem do dia 31 de março para o 1º de abril. Como esta última data é tida como o dia da mentira, os militares consideram que o golpe ocorreu em março de 1964.  A ditadura durou 21 anos, mas os rastros deixados podem ser vistos até hoje. Neste contexto, podemos nos perguntar: qual a importância deste debate? As respostas são muitas e para compreendê-las é necessário entender algumas coisas que aconteceram nesse período.
            A ditadura representou intensa repressão política, principalmente após o AI5 (Ato Institucional Nº5) , sendo que as manifestações de indignação e de discordância com o regime foram amplamente rechaçadas. Através da privação de vários direitos individuais e do abuso do poder, a ditadura matou, prendeu, torturou e exilou milhares de brasileiros.
            Mediante essas informações podemos adentrar na questão da abertura dos arquivos. Estes arquivos estão guardados e são classificados como secretos. A exposição dos registros é interpretada por algumas pessoas como a abertura de uma ferida que já estava cicatrizada, que visa deixar o passado para trás “sem revanchismo”, sem criar “problemas nacionais”. Por outro lado, muitas pessoas visam a concretização da justiça, para que os assassinos e torturadores sejam identificados e até punidos, além do esclarecimento das mortes e dos desaparecimentos.
            Sob este prisma, podemos perceber que há muitos interesses , dentre eles econômicos, políticos e morais, envoltos nesta questão; a memória é tida aqui como um lugar de disputa. Não se quer expor determinados acontecimentos, abusos que ocorreram no nosso país. Mesmo que para isso a justiça seja deixada de lado. Como disse Mao Tsé “quem tortura um homem tortura toda a humanidade”, portanto, o esclarecimento destes abusos diz respeito a todos nós.



Um filme que retrata esse contexto da ditadura é o Batismo de Sangue, (produzido a partir do homônimo de Frei Betto) do diretor Helvécio Ratton (lançado em 2007), que trata questões como a resistência através do relato de quem viveu sob a ditadura, o papel dos dominicanos neste processo e o modo como a ditadura agia, analisando a violência física e psicológica e suas consequências.

Como o filme tem cenas muito fortes ele só é recomendado para maiores de 14 anos.


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