segunda-feira, 6 de maio de 2013

Velhice: saúde, memória, abandono....


Aline Ferreira Antunes

Pouco tem se concretizado sobre o respeito à velhice em nossa sociedade nos últimos anos. Com tanta correria e com o medo do tempo que passa, esquecemos de nossos velhinhos que nos circundam todos os dias. São raras as vezes que podemos ter contato mais direto com nossos avós, avôs, pais e mães maduros... em geral, nosso tempo nos consome.
Esquecemos que um dia ficaremos velhos.
Negamos nossos pais e suas atitudes, mas somos como nossos pais:

Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...

Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...



Música como nossos pais, na voz de Elis Regina. Disponível no site:

Com os velhos podemos aprender muitas coisas, a memória deles é importante. E por outro lado, lutamos constantemente contra a perda de memória.... estamos cada vez menos preocupados com a memória e buscando viver o agora. E neste pique esquecemos os “guardiões da memória”.
Passei recentemente por uma provação: com uma avó doente de alzeimer, que não consegue se lembrar de algumas memórias recentes mas somente de coisas de 20 anos atrás e outra avó que confunde muito os acontecimentos, passei alguns dias com esta no hospital devido uma queda que ela teve e uma fratura do fêmur. Descobri que a família pouco tempo tem para dedicar a uma idosa que solicita carinho: todos tem dinheiro para mandar via transação mas presença física e carinho são poucos os que possuem. Será esta uma realidade muito freqüente em nossa sociedade?
Cada vez mais vemos os idosos serem mal tratados, desperdiçados e jogados para escanteio. A saúde na velhice vem sendo um dos temas mais tratados ultimamente.