Por Manuel Batista
Escrito em 1984 por Pedro Bandeira e considerado um clássico da literatura infanto-juvenil brasileira, A Droga da Obediência é o primeiro livro da série “Os Karas”, seguido por Pântano de Sangue, Anjo da Morte, A droga do amor e Droga de americana! O livro conheceu um grande sucesso entre o público leitor, vendendo 1,5 milhão de exemplares até 2010 e contando com 4 edições (1984,1992,2003 e 2009) e inúmeras reimpressões.
“Os Karas” são um grupo de adolescentes que se tornam investigadores e combatedores do crime. Possui cinco integrantes, estudantes do fictício colégio Elite em São Paulo: Miguel (o líder), Crânio (o gênio), Calu (o ator), Chumbinho (o caçula) e Magri ( a esportista). Trata-se de uma história de ação, cujos personagens são detetives audazes e inteligentes, com um policial honesto em oposição a um desonesto, um grande vilão sobre quem recai toda a perseguição.
“Os Karas” tomam conhecimento de uma onda de desaparecimentos envolvendo alunos de vários colégios da região e começam a investigar o que está ocorrendo. Reúnem-se em seu esconderijo secreto, no vasto forro da Escola e traçam um plano para libertar um dos reféns. Após uma série de investigações e deduções, chegam a uma organização criminosa, a Pain Control, que almeja controlar a duração e qualidade da vida humana por meio de fórmulas químicas.
Com a droga da obediência, os criminosos visam deixar as pessoas sem iniciativa, capazes de somente cumprir ordens. O comandante da experiência, o doutor Q.I., deseja dominar o planeta, criando classes em que todos estão satisfeito com sua condição. O inventor da droga decide ajudar os estudantes a acabar com a organização e seu chefe. Com o apoio de um policial, eles conseguem acabar com a Pain Control. Mas e o Dr. QI? Sendo tão inteligente, conseguiu escapar?
No trecho abaixo, Pedro Bandeira comenta o processo de criação da obra:
"Há anos eu sofria de uma brutal dor de cabeça (...) chamada cefaléia de Horton. Certa madrugada, acordado por uma crise violenta, fui para a minha mesa de trabalho esperar que passassem os habituais 50 minutos de dor. (...) Eu pensava quanto era injusto aquele sofrimento: a injeção que fazia cessar imediatamente a dor, por interesses puramente comerciais, deixara de ser fabricada. (...) Fiquei pensando, então, que existem várias maneiras de se exercer o poder. Que uma empresa, capaz de controlar a duração ou a intensidade da dor que alguém possa ter(...) o controle da dor! O controle das mentes! O controle da vontade! A humanidade controlada por drogas, os desejos regulados, os protestos abafados! A obediência absoluta! A humanidade acarneirada por uma droga!
Pensei também: mas será que isso é apenas ficção? Será que tudo isso já não está acontecendo atualmente com a jovem humanidade drogada, vagando como idiotas semimortos, sem fé no futuro, sem fé em si mesmos e já sem força
e a garra de que tanto precisamos?"
Sobre o autor
Como todo bom livro de mistério e suspenso, A Droga da Obediência utiliza dois recursos narrativos: o apelo ao raciocínio, a razão e a emoção, além de recursos cinematográficos, como o flashback. O foco narrativo é na terceira pessoa, explicando a pessoa como se fosse o olho único de uma câmera de cinema. A narração, além de prender a atenção do começo ao fim, também é uma sutil crítica à nossa sociedade. Afinal, quais são as "Drogas da obediência" dos dias atuais? Seriam os meios de comunicação de massa? Os modismos? A ditadura da beleza? Fica a pergunta.
Pedro Bandeira (de Luna Filho) nasceu em Santos, SP, em 9 de março de 1942, onde se dedicou ao teatro amador, até mudar para São Paulo a fim de estudar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Morando então na capital, casou-se com Lia, com quem teve três filhos: Rodrigo, Marcelo e Maurício. Além de professor, trabalhou em teatro profissional até 1967 como ator, diretor, cenógrafo e com teatro de bonecos.
Mas desde 1962, Pedro já trabalhava também na área de jornalismo e publicidade, começando na revista "Última Hora" e depois na editora Abril, onde escreveu para diversas revistas e foi convidado a participar de um coleção de livrinhos infantis.
Seu primeiro livro O dinossauro que fazia au-au, voltado para as crianças, fez um grande sucesso. Mas foi com A Droga da Obediência, voltado para adolescentes - que ele considera seu público alvo - que ele se consagrou. A partir de 1983, Pedro Bandeira dedicou-se inteiramente à literatura,sendo o autor de é o Literatura Juvenil mais vendido no Brasil (8,6 milhões de exemplares até 2002).
Especialista em letramento e técnicas especiais profere conferências para professores em todo o Brasil. Já escreveu mais de 50 livros, entre eles, A marca de uma lágrima, Agora estou sozinha..., A hora da verdade e Prova de Fogo. Atualmente vive em São Roque.
Para mais informações sobre o livro, o autor e “Os Karas”, algumas fontes interessantes na Internet:
http://www.clubedoskaras.kit.net/index.htm
http://www.overmundo.com.br/overblog/todos-os-karas-de-pedro-bandeira
http://www.bibliotecapedrobandeira.com.br/
http://www.pedrobandeira.com.br/
